terça-feira, setembro 25, 2007

Uma homenagem ao seu aniversário

O texto escrito hoje não é meu. É de minha querida amiga Lana Silveira, das listas de discussão Orquídeas-Mundo Orquidófilo e NESO. É um texto muito lindo e que só alguém com muita sensibilidade pode escrever. Me emocionou e pedi à Lana para reproduzi-lo aqui.
Obrigado, Lana, por este momento de tanta ternura.

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Mamãe
Não sei se adiantaria dizer o seu nome completo: Maria Nazareth Azevedo Toledo Alves, ou, simplesmente seu singelo apelido: Ná!.....
Ah!...sim ela está aí em Itajubá onde foi menina, moça, e se casou!...
Em Itajubá, fui à sua procura, e a encontro em todos os lugares!...E fico sentada em seu canto predileto, recordando esse tempo que passou e que vivi ao seu lado.
A cidade, hoje tão estranha às minhas recordações, não se lembra mais da sua fisionomia e nem sabe o quanto ela amou essa terra!... Também não importa! É tão natural esquecer e ser esquecida ao longo dos anos! E os anos foram tantos, que também a cidade mudou sua face, cresceu e se esqueceu de nós!..
Assim se hoje venho a Itajubá procura-la nas saudades que acumulam em meu coração, deixa que eu o faça livremente! Porem agora invisível aos olhos humanos, já integrada no silêncio dos que estão junto de Deus.
Começo a procura-la na igreja justamente na capela das filhas de Maria.
Ajoelhada diante do altar, só de olhos fechados posso ver a igreja e sentir a sombra da minha mãe debruçada sobre minha cabeça ensinando-me a rezar!..
Sinto vibrações que permanecem no local!
Escuto os canticos sacros que marcaram minha fé! As lembranças se avivam, tomam forma e entro em contato com o passado que está ali nas paredes da igreja, nas colunas que sustentam o teto, nos bancos da nave e no silêncio que me envolve, recuo despertando em mim, a criança que dorme em meu íntimo!...
Volto a procura-la, lá fora no chão que ela pisou, no ar que respirou,nas ruas por onde andou,no horizonte que ela fitou talvez sonhando coisas que se desgastaram com o tempo!....
Em todas as minhas buscas, encontro uma resposta afetuosa que me enternece!...
Aqui viveram meus avós, minha mãe, tios, primos, o que justifica este clima de aconchego e amor que é todo meu!...
Neste silêncio da cidade pequena encontro mamãe!...juntas percorremos todos os recantos onde a vida escreveu a sua história, a nossa vivência!...
Lugares onde foram guardadas as alegrias mais ternas, as esperanças mais acalentadas, os afetos mais puros, as tristezas sofridas, as lágrimas derramadas!...
Ponho o ouvido no chão e escuto seus passos através do tempo!... Adivinho suas angustias, seus medos, suas esperanças e alegrias, neste pedaço de vida que ficou por aqui!...
Seu coração pulsa no agitar das arvores, no vôo dos pássaros, na beleza das flores, no repicar dos sinos, no marulhar das águas do rio que passa lá em baixo!...
Se chove, nesta cidade, escuto seu choro nas águas que rolam... nas noites estreladas seu vulto passa conduzindo um bando de crianças que foram sua vida e ainda são o seu amor!...
Algumas vezes ela segura a minha mão e me leva aos passeios da minha infância. De novo me sinto menina correndo atrás das borboletas, brincando nas águas limpidas dos córregos, voltando cansada pra casa...
Minha mãe foi MARAVILHOSA!
Lutou como heroina junto ao meu pai, e nos deu segurança, devotamento e muito amor! Ela foi a mulher forte que nos fala a Bíblia! Foi nossa estrela guia, nosso anjo, nossa luz!...
Tinha um porte altivo, um andar elegante, um olhar firme, um gênio autoritário e independente!....
Era rigorosa em seus métodos de educação! Suas convicções religiosas foram inabaláveis!...
Amava a família com intensidade!
Morreu idosa, lúcida, brava como sempre! Em seu olhar havia paz imensa e doçura infinita!
..................................................................................................................
Volto a cidade, procurando por ela junto as lembranças doces da vida!...
Que importa seu nome completo ou seu singelo apelido?
Mamãe é mamãe e eu sou a sua Eliana, que tão docemente me chamava de
Lana


Lana-SP


(Transcrito da lista de discussão NESO (Yahoo), 25/09/2007)

segunda-feira, setembro 24, 2007

O primeiro "virus" a gente nunca esquece!

Gentes,

Vocês lembram daquela propaganda do “primeiro soutien”, o inesquecível? Pois é. Como o soutien, também o primeiro vírus de computador a gente nunca esquece.

Isso foi em 88, quase vinte anos atrás. Nosso – meu e da Nina - computador era novinho em folha... na nossa mão, marinheiros de primeira viagem. Na verdade, era um computador de terceira ou quarta mão, sei lá. Mas, isto é história para outro dia. Sim, existe a história do primeiro computador. E que história!

Na escola onde eu dava aulas, ganhei dos alunos alguns joguinhos, num daqueles disquetões antigos.

Instalados os jogos, a Nina e eu passamos a nos divertir com eles.

Certa noite, no meio de um trabalho, surgiu uma bolinha que ficava pulando na tela. Batia numa lateral, vinha para a parte inferior, ia para o outro lado, voltava para baixo... Uma movimentação ininterrupta. Eu, que não imaginava o que era aquilo, fiquei ali apreciando. E a bolinha pulando, pulando, cada vez mais forte, sobre o texto digitado..

De repente... puffffff!!! Apagou todo o texto. Horrorizado, desliguei o microcomputador e fui dormir, todo preocupado. O que teria acontecido?

No dia seguinte, logo cedo, liguei para um amigo que tinha um microcomputador em seu escritório e lhe contei o fato.

“É o ping-pong! É vírus! Isso acaba com o computador. Você deve ter contaminado todos os disquetes...”

Um escândalo.

Dois ou três dias depois, era dia de eu dar aulas. Na escola, procurei pelo professor de informática e lhe contei o que havia acontecido.

“É o vírus ping-pong! Os alunos conseguiram contaminar todos os microcomputadores da sala de informática. Estamos aguardando a chegada de um anti-virus.”

Gente, que horror. O ping-pong! E eu que sempre imaginei que pingue-pongue era apenas aquele jogo com uma bolinha branca e uma rede sobre uma mesa!!!

Os microcomputadores da escola ficaram um bom tempo desligados, até que chegasse o tal de anti-virus. Obviamente, o meu também ficou desligado, à espera. Resolvido o problema na escola, o professor de informática esteve em casa e acabou com o “ping-pong” do meu micro e dos disquetes. Que sufoco! E, de quebra, ganhei uma cópia do anti-virus.

Depois disso, fiquei calejado. Cada vez que trazia algum disquete de fora, de forma preventiva, aplicava-lhe uma carga de anti-virus.

Passado algum tempo, em uma noite em que eu preparava umas petições, deu um xabu qualquer e no texto apareceram, no lugar de algumas letras, umas carinhas risonhas, outras tristes... VIRUUUSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!

Peguei o disquete anti-virus e dá-lhe uma carga no velho CCE. Não acusou nada. Quando volto ao arquivo em que estava trabalhando, lá estavam as carinhas rindo da minha cara apalermada! O VIRUS CONTINUA INSTALADOOOOO!!!!! Desliguei a máquina e fui dormir.

No dia seguinte, procurei pelo meu amigo.

“O anti-virus não resolveu? Então é grave! É algum vírus novo e o seu anti-virus está desatualizado. Vou mandar para você um anti-virus novo.”

E assim fez. Passei o anti-virus, que não encontrou nada, mas as carinhas lá continuavam.

Minha nossa... O que poderia ser? O pior é que a escola já estava em período de férias e o professor de informática, meu amigo, só poderia ser contatado na volta às aulas, em um mês. Assim, durante um mês, ninguém mexeu no microcomputador, para evitar-se que o vírus se espalhasse pelos demais arquivos.

Finalmente, as intermináveis férias chegaram ao fim. E lá vem o professor de informática – como é bom ter amigos! – ver o meu equipamento.

Ligou e já colocou um disco com anti-virus no drive. Nada! Olhou o arquivo em que eu estava trabalhando. Lá continuavam as mesmas carinhas risonhas e as carinhas tristes. Não haviam aumentado. Mas, também, não haviam diminuído. Olhou outros arquivos e nada de carinhas. Nem alegres e nem tristes.

Gente, que loucura! Já estávamos para procurar o endereço da Agatha Christie quando me lembrei de um detalhe.

Na noite em que eu estava trabalhando, pouco antes de aparecerem as risonhas tristes, houve uma brusca queda de voltagem. É lógico que, na minha improvisada entrada para o mundo da informática eu não providenciara um regulador de voltagem. Foi o erro fatal. Fora a queda de voltagem que dera uma ligeira pane no computador e no arquivo em que eu trabalhava. Ufaaa... Nada sério. Apenas um arquivo que precisou ser re-digitado.

Tempos heróicos e saudosos! Quantas aventuras provocadas pela inexperiência. Quando eu vejo minhas netas, nos dias de hoje, mexendo nos micros e lembro dos sustos que nós levamos, a Nina e eu, no começo!...

Mas, a experiência se ganha com o dia a dia. E nós viramos veteranos. Todo o cuidado com vírus eram poucos.

Um dia, no meio da papelada, a Nina achou um disquete. E agora? Seria de antes ou de depois do ping-pong? Na dúvida... anti-virus nele.

Positivo! Ping-pong.

Gente, vocês não imaginam a cena. Eu me lembro como se tivesse ocorrido ontem.

A Nina ficou branca de susto. Com as pontas das unhas retirou o disquete contaminado por vírus do drive e o atirou no lixo. Em seguida, foi lavar as mãos muito bem lavadinhas. Para não correr risco de contágio. Juro!

JF

quinta-feira, setembro 20, 2007

A "vingança" de Santo Antonio, o santo casamenteiro

No começo de minha carreira de advogado, todo caso que aparecia eu “pegava”. E, no meio do que aparecia, começaram a surgir os casos de separação matrimonial.

Fiquei um bom tempo cuidando disso, mas precisei parar pois não tive sucesso financeiro.

Alguns colegas têm em sua mente uma poderosa máquina de calcular. Naquela época, a coisa funcionava mais ou menos assim, para esses colegas matemáticos.

“Doutor, quero me separar!”, O advogado abria a última gaveta de sua escrivaninha e pegava o bloco de “Procuração”.

“Assina aqui.”

“Mas, o senhor não quer ouvir a história?”

“Depois! Assina aqui!”

Assinada a procuração, o “doutor” começava com as perguntas:

“Existem bens a serem divididos? Qual o valor deles?”

“Mas, o senhor não quer ouvir a história?”

“Depois! Por enquanto, vamos cuidar dos bens a partilhar.”

À medida em que esses bens iam sendo relatados, o advogado, mentalmente, ia calculando a proporção do que seriam seus honorários. Logicamente, nem todos os advogados agiam assim. Mas que existiam alguns, existiam.

Em função de um caso que vou narrar a seguir, minha primeira preocupação, quando era procurado para cuidar de uma separação, era ver se a separação era irremediável. Se eu vislumbrasse, na história, alguma possibilidade remota de reconciliação, era por esse caminho que eu ia. E, graças a isso, passados tantos anos, existem alguns casais que permanecem unidos até hoje.

Mas, essa postura me trazia um problema. Eu cobrava para separar casais. Quando não havia separação, eu não cobrava nada. Uma ocasião, uma ex-futura descasada que conseguiu reconciliar-se com o marido (que eu saiba, eles continuam juntos até hoje), sabendo que eu era (e sou ainda) orquidófilo, agradecida e emocionada, me deu de presente um enorme vaso de orquídeas, dessas que, entre nós – orquidófilos de olhos críticos - costumamos chamar de “repolhão”. Um gesto muito bonito e tocante, mas que não me ajudava no meu problema principal: prover o sustento de minha família. E foi assim que eu acabei abandonando o Direito de Família e enveredando para os campos do Direito Comercial (sociedades) e do Direito Tributário, muito mais rentáveis.

Mas, vamos ao caso que se passou com um colega que dividia o escritório comigo. O casal, digamos assim, eram o João e a Maria, amigos comuns nossos. O José que aparece na história, evidentemente, sou eu mesmo, que continuo casado com a Nina há 38 anos.

Uma segunda-feira, ele chegou ao escritório logo cedo:

“José. Ontem, João e Maria estiveram em casa e querem separar-se. Querem, não! O João até chora. Mas, a Maria está irredutível e com tanta raiva que faz questão cerrada que a audiência da separação seja no dia 13 de junho (Dia de Santo Antonio). Diz ela que quer vingar-se do santo.”

Realmente, era pouco tempo para preparar tudo. Mas, bom advogado, ele conseguiu. Assim, no dia 13 de junho, para fazer desfeita a Santo Antonio, o santo casamenteiro, foi homologada a separação.

E Santo Antonio? Concordou? Não!

Uma segunda feira, início de agosto, a novidade.

“José. Ontem, João e Maria estiveram em casa. Querem que eu desfaça a separação o mais rápido possível, porque eles são marido e mulher, novamente.”

Dava para entender. Eles tinham apenas o apartamento. Com a separação, João não tinha para onde ir e a Maria, compreensiva que era, concordou que ele dormisse no sofá da sala, enquanto não conseguisse outro local. Daí, sabem como é, assistiam à novela juntos... Comentavam... "Você quer que eu prepare pipocas para nós?"... Era inverno e estava frio... João, gentilmente, se ofereceu para esquentar os pés da Maria... E daí para... Vocês sabem... Enfim, sejamos claros, já estavam dormindo na mesma cama e com direito a tudo o que marido e mulher fazem sob os lençóis. Ou mesmo o que fazem quando não existem lençóis, que eles não são necessários para isso. Vocês entenderam... E muito bem entendido, seus maliciosos!

Lá, comigo mesmo, pensei: “foi a vingança de Santo Antonio”. Vingança no bom sentido, lógico, pois santo não quer o mal às pessoas. Ou vocês acham que o santo casamenteiro iria concordar com uma separação de casal?

Foi esse fato que me levou, a partir daí, a sempre verificar se era possível uma reconciliação. Vocês não imaginam quantas separações poderiam ter sido evitadas se os advogados pensassem, inicialmente, nessa possibilidade, ao invés de se preocuparem com cálculos mentais do valor dos honorários a cobrar.

Eu sei! Cuidar de manter marido e mulher unidos não sustenta a própria família! Ora, passe a dar consultoria de impostos para empresas.

José Francisco
Ou Zeca, em alguns casos, ou JF, em outros


terça-feira, setembro 11, 2007

A porta da discórdia

A Jack aposentou-se e passou a narrar “causos” muito bons, de seus tempos de bancária. São crônicas escritas com bastante leveza e humor em seu excelente blog “Jack não tá Fazendo Nada” (link na coluna ao lado – vale a pena ler). A leitura me fez lembrar “causos” de minha vida profissional, como contador, advogado e professor.

Este é um causo de advocacia e só vou contar porque não chegou a correr processo. Evidentemente, conto o milagre mas não os santos. Os nomes não são verdadeiros.

Giovanni procurou-me. Queria separar-se de Anunciata. Não a suportava mais. Mal se falavam e ela fazia de tudo para irritá-lo.

“A separação será consensual?” perguntei.

“Sim. Ela passa procuração e o senhor será advogado dos dois.”

Pedi que ele passasse um recado para Anunciata me procurar. E ela veio.

“Doutor, eu concordo com a separação. Mas, só assino se ele devolver a porta do quarto!”

“Devolver a porta do quarto?”

“É! A porta do quarto que ele tirou e jogou fora.”

“Mas que história é essa? Você trancava a porta para ele não dormir no quarto?”

“Não! Ele já dormia na sala há muito tempo. Não precisava tirar a porta do quarto.”

Mandei vir o Giovanni.

“Giovanni, a Anunciata não concorda com a separação enquanto você não devolver a porta do quarto.”

“Danou-se! Dei a porta a um desses catadores de bagulhos que passam pela rua.”

E, assim, como Anunciata queria “a” porta, não servia nenhuma outra, não pode ser formalizada a separação consensual. Giovanni desapareceu no mundo. Parece-me que se mudou para alguma cidadezinha de Minas Gerais. Nunca mais tive notícias dele.

Passaram-se alguns anos. Um dia, Anunciata me procurou. Queria separar-se de Giovanni e eu deveria cuidar de tudo.

“E a porta?”

“Não quero mais saber daquela porta!”

Acontece que Anunciata tinha arrumado um namorado e queria casar-se, novamente, independentemente de seu quarto ter ou não ter porta.

Mandei procurar outro advogado. Ora!

Mas, o que nunca consegui entender é o que leva um marido, que não suporta mais a mulher, que se irrita com tudo o que ela faz ou fala, que dorme na sala, a arrancar e sumir com a porta do quarto dela.

JF

quinta-feira, setembro 06, 2007

Transporte aéreo de 5º mundo em país de 3º mundo

Gentes,

A Lu está até agora em Cumbica, aguardando embarque para Brasília. O Prenholato está de plantão, para pegá-la no aeroporto.

O vôo estava previsto para 8,50Hs, reserva feita na BRA e enviada à Lu pela editora.

Na ida para o aeroporto, já pegamos congestionamento na Via Dutra. Era de se esperar.

Chegamos ao aeroporto às 8,06hs. Para começar, não se consegue saber onde é o setor de EMBARQUE. Só existem indicações DESEMBARQUE. É uma coisa inacreditável. Para saber-se do EMBARQUE, é necessário que se vá perguntando, quase que de pessoa em pessoa!

A última indicação (ORAL) sobre o EMBARQUE é que o mesmo se faz no primeiro andar. Muito lógico, não é mesmo? Ao menos eu pensei nessa lógica para não soltar um palavrão! E o balcão da BRA era ao lado do balcão da GOL, no 1º andar. Perfeito!

Passando pela GOL, diversas filas. Mas, na BRA, não havia filas. VIVAAAA!!!!!!!

Na entrada do setor da BRA, havia duas meninas uniformizadas. Pensei: Devem ser porteiras! Mostramos o fax que a Lu recebeu, referente à reserva. Elas leram o fax inteirinho.

"Mas não é aqui! É na Ocean Air!" Já ia perguntando o que era isso, quando uma vaga lembrança me fez recordar que existe uma empresa aérea com esse nome. Indicaram-nos onde era o balcão da Ocean Air e lá fomos nós.

Quando nos afastamos, vi que as duas porteiras tinham, nos uniformes, emblemas da CVC. Ué! CVC não é uma empresa operadora de turismo? O que elas estavam fazendo lá na entrada das baias da BRA? Deixa prá lá.

Achamos o setor da Ocean Air. Bem pequenininho, com quatro pessoas atendendo. Nessa altura, já eram 8,20hs! A fila... Ahh, a fila! Enooooorrrme! Os funcionários, por sua vez, atendendo na maior lerdeza e... batendo papo entre si. Falei para a Lu:

"Lu, pela fila e pela vontade de trabalhar, esse vôo está atrasado."

Dali a pouco, um dos funcionários saiu de tras do balcão e veio correr a fila.

"Qual é o destino?"

"Brasília!"

"É nessa fila, mesmo!" Só havia uma fila. Não dava para escolher outra.

"Tem bagagem para despachar?"

"Não! Só a maleta de mão."

"Tem algum objeto metálico dentro?"

A Lu lembrou:

"Eu tenho um estilete."

Era o que faltava! Seriam capazes de achar que ela ia colocar o estilete no pescoço do piloto e dar uma ordem:

"Isto é um sequestro! Leve este avião diretamente para o aeroporto de... Bom... Pode ser Guarujá!"

Ela me entregou o estilete e eu perguntei ao "coisinho" se o avião estava no horário.

"Está!" E foi se afastando. Já passava ligeiramente das 8,30hs, mas já ouvíamos alguns comentários, na fila, de que o avião estava atrasado. Mas, aos poucos íamos nos aproximando do balcão. A velocidade devia ser, nessa altura, de quatro passageiros por hora. Mas, já estávamos
quase lá! Umas oito ou dez pessoas na frente.

O coisinho já estava, novamente, atrás do balcão. Dali a pouco, uma coisinha saiu de trás do balcão e veio percorrer a fila. Por uma imensa sorte, veio direto em nossa direção.

"Qual o destino?"

Dessa vez, a Lu foi mais esperta e não deixou a coisinha "se mandar".

"Brasília. Só que estou sem a passagem, só com este fax que me foi enviado por quem fez a reserva, em Brasília".

Coisinha leu o fax inteirinho. Até as indicações de onde o Prenholato deveria encontrar a Lu.

"Pode sair dessa fila e fique direto no balcão, que será a próxima a
ser atendida." Que felicidade!

No balcão, em frente ao atendente que nos daria prioridade, estavam duas pessoas. Que também tinham um papel indicando a reserva. Só que o atendente não conseguia localizar em sua relação e em nenhuma outra relação, no mundo inteiro! Acho que ele gastou, com telefonemas, mais que o valor das passagens! Nesse meio tempo, coisinha foi descobrindo
outras pessoas que também iam para Brasília e os foi tirando da fila. Dali a pouco, atrás de nós a fila para Brasília já estava quase chegando ao aeroporto de Congonhas!

"Pode me dar uma licença?"

Eram as pessoas que estavam por ali e que precisavam passar para o outro lado. O aeroporto, na realidade, a partir desse momento, dividiu-se em dois setores: a leste da fila para Brasília da Ocean Air e a oeste da fila para Brasília da Ocean Air. Mas, a fila não andava, pois o atendente não conseguia perceber onde foram parar as reservas das duas pessoas.

Enquanto isso, a fila original ia andando. Se tivéssemos permanecido nela, já estaríamos sendo atendidos. Lógico que isso provocou um início de tumulto, o que fez com que coisinha, que, nessa hora, já havia voltado para trás do balcão, pedisse ao outro atendente para dar prioridade ao pessoal que ia para Brasília.

Chegou nossa vez. Nossa, não! Da Lu. Eu estava ali apenas como acompanhante carregador de uma maleta pesando umas dez arrobas (mas, sem estiletes!)...

A Lu entregou a identidade e o fax ao coisinho nº 2. Ele leu atentamente.

"Mas, não é aqui. É na BRA!"

Eu já estava dando impulso no corpo para pular na garganta dele, quando coisinha interveio.

"Não! Pode fazer!".

Gentes! Será que está havendo roubo de passageiros dentro do aeroporto? A concorrência chegou a esse ponto?

Emitida a passagem, a informação:

"O voo sai às 10,50hs!" Óbvio! 8,50hs já tinha ficado para trás e nem havia tido avião, nesse horário.

A Lu e eu fomos tomar um café. Tirei as fichas e fomos ao balcão.

Gente, sem exagero! Acho que o balcão tinha uns 20 a 30 quilômetros de extensão! E duas menininhas atendendo. E Cumbica inteiro querendo tomar café! Já estava para pedir meu dinheiro de volta, quando, finalmente, fomos atendidos.

A Lu foi para a sala de embarque e eu fui embora. Quando passava pelo térreo, antes de sair da estação de DESEMBARQUE, vi um cubículo onde se deveria pagar o estacionamento.

Gente, se o acaso não tivesse colocado aquele cubículo bem na minha frente, eu iria até o estacionamento e teria de voltar para dentro da estação de DESEMBARQUE para pagar!

Quando cheguei ao estacionamento, vi que, realmente, havia um pequenino aviso de que se devia pagar lá dentro. Mas, só vi esse aviso, na volta. E por acaso! Isso é o que se chama de comunicação moderna.

Peguei o carro e dirigi-me à saida do estacionamento de veículos, junto ao Aeroporto de DESEMBARQUE de Cumbica. Gente, onde é a saída do estacionamento? Aquilo é enorme, existem inúmeras setas indicativas de direção às vagas. Mas, indicação de saída, que é bom, nada!

Como é triste morar num país terceiromundista!

Perto das onze horas, a Lu telefonou. O avião sairá ao meio dia!

Passava de uma da tarde, a Lu ligou mais uma vez!

Agora, a saída está prevista para as 15 horas. De qualquer forma, ela liga quando houver certeza. No momento, ela juntou-se a um grupo que vai protestar. Mas, protestar com quem? Com coisinha? Com coisinho? Como coisinho nº 2?

Já são 2 e meia da tarde e nada de notícias da Lu.

Será que a Ocean Air tem avião ou essa é mais uma picaretagem engendrada por políticos lotados em Brasília, para enganar o povo trouxa?

Abração
JF

terça-feira, setembro 04, 2007

Acomodando as bagagens no carro!

Gentes, vocês não sabem o que significa ir passar a noite de sábado para domingo no sítio, em Itatiba, a 80 Km de São Paulo. Digo isso em relação à colocação da bagagem no carro.

O drama começa na sexta feira.

“Então sairemos às 9 hs para chegarmos lá às 10 e meia”, eu já vou ponderando. “Assim, tenho bastante tempo para cuidar de minhas coisas, lá”. Para quem não sabe, cuidar de minhas coisas significa dar um trato nas orquídeas, pescar no lago, dar uma boa volta no pomar, pescar no lago, dar uma geral nos meus cactos, pescar no lago, coisinhas assim.

Ultimamente, ando meio preocupado com minhas plantas. Imaginem que saiu um caseiro e, sem que eu percebesse, ele resolveu tirar umas mudas de minhas plantas. A concepção de tirar mudas é engraçada. O sujeito chega no vaso e separa um quarto da planta. Um quarto!!! Que ele deixa para mim e leva os outros três quartos. Pode, uma coisa assim?

Mas, nós estamos falando da saída para o sítio. São os assuntos “pré”. Deixemos os assuntos “durante” e “pós” para outra hora.

Enfim, tentei marcar um horário de saída. A resposta é imediata e “na lata”:

“Nove horas? Rááááá! Nesse horário você ainda vai estar dormindo!”

Dá para agüentar? Ainda me acusa. E continua:

“Quero assistir à missa do meio-dia, assim não preciso ir à missa no domingo. Saindo da missa, vou ao supermercado fazer as compras para o almoço no sítio”.

“Não precisa comprar. Lá tem tudo!”

“É o que você pensa. Você não é dona-de-casa!”

Tem lógica. Não sou mesmo. Mas, como em casa a última palavra é sempre a minha, sentencio:

“Sim, senhora!”

Dia seguinte, ida à missa, volta do supermercado, estamos almoçando.

“A mala já está pronta?”, pergunto, embora já saiba a resposta.

“Ainda não. Mas, é muito rápido. É só pegar o básico e está pronto. E não esqueça de me lembrar de por as coisas da geladeira no isopor...”

“Não esqueça de por as coisas da geladeira no...”

“Agora, não! É um pouco antes de sairmos!”

É lógico que eu não ia deixar escapar a oportunidade de fazer uma brincadeirinha, né? Hehehehe!

“Eu só falei porque posso esquecer, na hora de lembrar você para que não se esqueça! E, como não quero esquecer, estou lembrando-a agora...”

Ela pareceu não ouvir. Pelo menos, não se dignou responder.

Terminado o almoço, com minha meia dúzia de coisinhas já na porta da cozinha, prontas para serem embarcadas, fico presenciando a arrumação da mala.

“Para que essas malhas? Está um calor de rachar”.

“Ouvi, na previsão do tempo, que tem uma frente fria estacionada no sul da Argentina.”

“Mas isso, se chegar até o Brasil, leva um mês”.

“Nunca se sabe! Pode estar estacionada, lá no sul da Argentina, há um mês, e só agora se deram conta”.

Não percebi a lógica! Mas, lógica feminina não se discute! E lá fico eu olhando a separação, sobre nossa cama, de malhas abertas e fechadas, malhas mais finas e malhas mais grossas, cachecóis (será esse, o plural de cachecol? Ajudem-me!), tudo, enfim, para prevenir qualquer variação de temperatura possível ou imaginária, em qualquer época do ano. Obviamente, tem também a sessão de roupas para todos os possíveis casos de chuvas, de garoa a maremoto. Com diversos guarda-chuvas. Só não coloca mais minhas galochas por não saber onde comprar nu novo par, depois que minha últimas galochas foram perdidas num aguaceiro daqueles que arrasta tudo, até ônibus, para dentro dos túneis do Anhangabaú. Falando nisso, será que ainda fabricam e vendem galochas?

A separação das roupas a serem levadas continua. Agora são separados cobertores e “edredons”. Meu espanto é imenso.

“Pra quê tudo isso? Tem tudo isso daí no sítio!”

“Tem, mas está tudo dentro do armário. Provavelmente vai estar tudo com cheiro de bolor e você vai ter ataque de bronquite! É melhor levarmos daqui.”

Dá para entender lógica feminina?

Vem a separação dos remédios. Felizmente, ninguém é hipocondríaco e somos absolutamente contrários à auto-medicação. A não ser, obviamente, nos tratamentos de casos corriqueiros. Assim, para os casos corriqueiros, a maleta de remédios leva todo o tipo de remédio possível e imaginário para as emergências. Assim: aspirina, anti-alérgico, Cremefenergan, anti-gripais mil, Bromil, Merthiolate, algodão, Band-Aid, todos os meus remédios de bronquite, alopurinol, xaropes disto e daquilo, Nebacetim, ataduras, talas (desconfio que ela leve alguns quilos de gesso em pó, mas ainda não tive coragem de olhar na maleta de remédios), Polaramine, Vick Vaporube, enfim, centenas de remédios para todo e qualquer tipo de doença, ferimento, emergência farmacêutica... ops, estava me esquecendo do Lavolho!. Acredito que ela carregue, ainda, remédios para a queda de cabelos, topadas com o dedão, amidalite, hepatite, traqueite, afrodite, meningite no pulmão, etc. Tem tudo! Sem falar que ela tem todos os possíveis remédios para todos os possíveis males do “filhinho”, que estará em seu próprio apartamento, há quase cem quilômetros de distância.

“Nunca se sabe a hora de sairmos correndo para atender um filho!” Aqui já é a lógica materna falando. A gente não entende, mas deve ter uma lógica nessa lógica. Enfim!

Não vou descrever a coleta das roupas dela. Mas, para mim, ela pega os básicos seguintes: pijamas de calças curtas, para o caso de estar muito quente, pijamas leves de calças comprida, para o caso de o tempo estar ameno (bonito!), pijamas bem grossos, para o caso de frio, camisas, camisetas, cuecas, meias, lenços, vários “jeans”, bermudas... Só não leva ceroulas porque me recuso a usar.

“Pra quê essas bermudas? Tem várias, lá no sítio!”

“Vieram para lavar.” Ahhhh! Tem lógica! Feminina, mas lógica.

Sapatos, chinelos, tênis, sandálias...

E o capítulo de sabonetes, creme dental, escovas de dentes novas, pois as dosítio já estão muito velhas e deformadas (???), desodorantes, shampoos...Deixa pra lá!

Nem vou descrever as coisas que saem da geladeira para dentro da enorme caixa de isopor! Nem as latarias e demais pacotes de alimentos. Isto viraria uma ode mais comprida que “Os Lusíadas”.

E a escolha das caixinhas de chá? O chá é necessário, porque, sendo uma coisa bem quente, faz bem para a minha bronquite. Na dúvida, vão os chás de hortelã, boldo, mate, cidreira, erva-doce, frutas vermelhas.. e amarelas, azuis, roxas, multicoloridas, etc. Tem lógica! Algum deverá me fazer bem, mesmo que eu passe a noite toda no banheiro, fazendo xixi, de tanto chá que eu precisei tomar.

Aí, vem o capítulo de ajeitar tudo dentro do carro.

Chamo o elevador para uma primeira viagem com as coisas. Obviamente, as coisas dela têm prioridade. Mesmo porque, minhas coisinhas cabem em qualquer espacinho eventualmente sobrante.

Lógico que, no sub-solo, não tem ninguém para me ajudar. Calço a porta do elevador com uma das malas e descarrego o resto, enquanto, em outro andar, alguém esmurra a porta do elevador que não sobe. Em diversas idas e vindas, levo tudo até o carro.

Abro todas as portas e o porta-malas. E vou ajeitando, com toda a imensa paciência com que se monta um quebra-cabeças chinês. A malona no porta malas... A mala média vai no banco traseiro... O resto do porta-malas é tomado pelos cobertores e “edredons”... A mala pequena vai no chão, atrás do banco do motorista... A mala de sapatos vai no chão, atrás do banco do passageiro... A maleta de remédios... Minha intenção é esquece-la, no chão da garagem... Mas, eu a coloco no espaço que sobrou, no banco traseiro. E subo para o apartamento para a segunda viagem de transporte das bagagens.

Quando abro a porta da cozinha e vejo o que ainda falta colocar no carro, me dá um ataque de desespero. Quase que chilique, mesmo! Mas, sou forte! E lá vou eu, para o elevador e a garagem, com a enorme caixa de isopor, mais uma caixa média de isopor, pois as coisas da geladeira não couberam em uma única caixa, mais milhares de sacolas de super-mercado carregadas com os mantimentos que não precisam ser conservados frios, mais pacotes com uma série de coisas que nem identifico. O mesmo drama para descarregar o elevador, enquanto um cretino, em outro andar, esmurra a porta do elevador que está demorando.

Chegando à garagem, as tralhas da “segunda carga” no chão esperando acomodação, fico lá, eu, imaginando como colocar tudo aquilo dentro do “Golzinho”. Tiro tudo que já estava dentro do carro e começo uma nova acomodação das coisas. Depois de trinta minutos de muita paciência e muito trabalho, tudo devidamente acomodado e ajustado, volto para o apartamento. Evidentemente, nessa altura já desisti de levar minhas “coisinhas”. Óbvio, não há lugar para mais nada!

No apartamento, ela está pensativa:

“Que será que estou esquecendo?”

Minha resposta é rápida:

“Nada! Basta olhar em volta. Só sobraram os móveis vazios!” Ela ignora a ironia, mas ainda tem algumas sacolinhas de supermercado nas mãos.

“Onde você vai por isso? Não cabe mais nada.”

“Não se preocupe! Vão no chão, junto aos meus pés!” Me acalmo, afinal, lógica feminina tem, lá, a sua lógica.

Sete horas da noite, pouco mais de uma hora depois de sairmos do apartamento, chegamos ao sítio. Já está escuro e não dá para fazer mais nada, lá fora.

No sítio, as roupas estavam todas em ordem, sem qualquer cheiro de bolor. A caseira, diariamente, abre as janelas e deixa o quarto “ventilando”. Dessa forma, não tive nenhum ataque de bronquite.

Depois de desfeitas as malas, com todas as roupas e mantimentos em seus devidos lugares, aparece minha irmã:

“Amanhã, o almoço será lá em casa! Não precisam se preocupar com comida.” Olho para a Nina e rosno, ao lembrar de minhas coisas que ficaram em São Paulo por falta de espaço no carro.

Lanchamos. Aos curiosos de saberem que tipo de chá eu tomei... Tomei chá de erva-cidreira. Não a erva-cidreira da caixinha, mas erva-cidreira verdadeira, tradicional, verdinha, cheirosinha, que a caseira havia colhido, na horta, no final da tarde...

De tanto cansaço, fui dormir logo. Levantei quase meio-dia. Tomei um café rápido, dei uma olhada nas plantas, e subi para a casa do meu cunhado: batidinhas, petiscos, bate-papo até a hora do almoço. No almoço, vinho...

Terminado o almoço, fui tirar uma soneca, que não sou de ferro. Acordei apenas com tempo de molhar, rapidamente, minhas plantas, enquanto a Nina fazia as malas para voltarmos a São Paulo. Toda a roupa inútil precisa retornar, o frio argentino não veio. Assim como todas as coisas de geladeira e os mantimentos “não de geladeira” também voltam. Ou seja: voltou tudo para São Paulo! Sem uso!

“Você me vê um comprimido de Pepsamar? Estou com um gosto meio ácido na boca.”

“Esse não tem. Estava com a validade vencida e eu não trouxe. Segunda feira compro mais!”

Gentes, para terminar este relato, que não tem nada de exagero, ela pode confirmar tudinho, só duas perguntas:

1-Divertimento de mulher é fazer e desfazer malas e pacotes?

2-Em caso de uxoricídio, será que o juiz aceita essas condições como “atenuantes” e determina uma pena menor?

JF