quarta-feira, dezembro 26, 2007

O PRIMEIRO NATAL DO PAPAI NOEL

Não. Não é o Papai Noel que vocês pensam. Esta é a história do Papai Paulo Noel.

Tudo se iniciou ainda no início dos anos setenta, quando as crianças eram bem pequenas. Naquela época, ainda na casa velha, Paulo, meu cunhado, resolveu vestir-se de Papai Noel e fazer a distribuição dos presentes, na passagem do dia 24 para o dia 25 de dezembro. Não esqueço a expressão das crianças ao verem chegar o bom velhinho. Foi uma emoção tão grande, para todos, que acabou virando uma tradição, aqui no sítio. Todos os anos o Paulo veste-se de Papai Noel, para alegria das crianças, agora os netos, dos adultos que eram as crianças da época, e dos adultos que já o eram então. Neste ano, pela primeira vez, minha mãe não mais estará fisicamente se divertindo com a brincadeira. Mas, lá do céu, com muita ternura, certamente ela estará acompanhando e abençoando tudo e todos.

No início, o Paulo precisava de travesseiros dentro da roupa, imitando a barriga do Papai Noel. Mas, nem sempre foi assim, Anos houve em que o travesseiro tornou-se dispensável. Com ou sem travesseiro, entretanto, é o mais perfeito e alegre Papai Noel que se possa imaginar.

Mas, vamos ao primeiro Natal do Papai Paulo Noel.

Como eu disse, ainda era nos tempos da casa velha. Hoje, está tudo muito diferente, tudo calçado em volta dessa e das outras casas que se construíram no sítio. Mas, naquele tempo, era tudo terra. Não tínhamos os caminhos calçados, como hoje. E como chovia, naquele tempo! E, com
a chuva, ao redor da casa, formava-se um lamaçal.

Lá pelas onze da noite, família toda reunida na sala à espera do Papai Noel, o nosso Noel tupiniquim sai pela porta dos fundos, às escondidas, para dar a volta e chegar de forma triunfal e inesperada, ao menos para as crianças, pela porta da frente da casa.

Mas, chovia. E como chovia! Papai Paulo Noel precisou sair de casa segurando um guarda-chuva com uma mão, enquanto a outra mão segurava o saco de presentes pousado em suas costas.

Além da chuva, ainda havia o problema de precisar andar no meio da lama. Nada que um bom par de botas não resolvesse, embora elas ficassem imundas.

E lá se foi Papai Paulo Noel, intrépida e garbosamente, sob chuva e em meio à lama, a caminho da porta da frente da casa.

Porém, um perigo esperava o bom velhinho, do lado de fora da casa. Os cães ladradores: o Toy e o Perigo. Nomes bem sugestivos para dois autênticos "vira-latas", não é mesmo? O Paulo bem que havia lembrado deles, mas eram dois cães mansos e não iriam representar qualquer problema. Assim deveria ser se os cachorros soubessem que não deveriam representar nenhum problema! Mas, não sabiam. E que reação vocês imaginam que podem ter dois cachorros, numa
noite de chuva, escura, ao se depararem com um estranho balão vermelho amassando barro e avançando em meio à chuva? Lógico! É isso aí. Apesar de não serem touros, avançaram latindo para cima do atônito Papai Noel carmesim que, nessas alturas, não sabia se saia correndo largando o saco de presentes no meio da lama, se voltava para dentro de casa pela porta dos fundos, se chamava a polícia... Por sorte, o pavor infundido aos cães foi maior que a coragem deles. Chegaram perto mas não avançaram o sinal. Com isso, Papai Paulo Noel, todo molhado e enlameado, pode fazer sua triunfal entrada na sala, para alegria geral.

Depois da entrega dos presentes, tempo suficiente para que a chuva praticamente parasse de cair, e presos os cachorros "devoradores" de Papais Noeis, Papai Paulo Noel foi até à casa dos caseiros entregar seus presentes. Logicamente, eles não estavam sabendo daquela inesperada visita, à meia noite da noite de Natal.

A casa estava fechada, mas havia luzes na sala. O Paulo bateu. Depois de alguns instantes, uma voz vinda do lado de dentro perguntou:

"Quem é?"

Ora, quem poderia ser? O Paulo respondeu:

"É o Papai Noel!"

O caseiro, ao que parece, duvidou. Mas abriu para conferir.

Gente do céu! O caseiro já havia, digamos assim, tomado todas as que tinha direito e mais as que não tinha direito, também. Melhor explicando: estava "de fogo". E vocês sabem que pessoas nesse estado demoram muito a compreender o que está acontecendo. Muitas vezes, não
chegam a compreender nunca. O espanto dele ao abrir a porta e dar de cara com Papai Noel foi uma coisa indescritível. Com certeza, se não acreditava, a partir daquele momento passou a acreditar na existência do bom velhinho.

Algum tempo depois, ele saiu do sítio e nunca mais tivemos notícias dele. Mesmo assim, estou para dizer que ele acredita em Papai Noel até hoje. E, nas rodas de botequim, entre uma pinga e outra, ele deve dizer aos amigos:

"Papai Noel existe. Eu juro! Meninos, eu vi com estes olhos que a terra há de comer."

JF
Itatiba/SP

quinta-feira, dezembro 20, 2007

DIÁRIO DE UMA NOVA VIDA

Oi, pessoal.

Finalmente o sonho se realiza. A Nina e eu, depois de 38 anos de casados, saímos de São Paulo e nos mudamos para o sítio, em Itatiba/SP.

Dentro de minhas veleidades literárias, resolvi que, de agora para a frente, escreverei um livro Diário desta nova vida.

DIÁRIO DE UMA NOVA VIDA

1º dia – Hoje, ao acordar, não ouvi as freadas dos ônibus junto ao ponto de parada, em frente de casa. Também não senti, durante o dia todo, as buzinadas malucas do trânsito congestionado. Nada daquele ar mau-cheiroso de São Paulo. Somente o ar puro de Itatiba. Logo cedo, fui acordado com um barulho bem diferente: a gritaria de um bando de macacos-prego passeando pelas árvores da beira do lago bem próximo. Fiquei ouvindo, com imensa felicidade, aquele som diferente. Música! Está certo que eu os ouvia quando passava os finais de semana no sítio, mas hoje foi diferente. Hoje, foi a certeza de que poderei ouvi-los todos os dias. Como pude viver tanto tempo longe disto?

2º dia – Hoje, fui acordado por um bando de saracuras. Vocês conhecem saracuras? São uma aves de perninhas compridas, andam em bandos e possuem um canto bem estridente, mas muito engraçado e alegre. Muito bom acordar desse jeito. Mais tarde, a caseira veio prevenir-me de que acabara o milho para os patos. Ué! E como os patos eram abastecidos antes? O caseiro do sítio vizinho fazia o favor de comprar e era reembolsado, com uma pequena gorjeta. Morando no sítio, devo assumir todas essas responsabilidades. E, afinal, qual é o trabalho de ir buscar milho para os patos? Peguei o carro e fui à cidade comprar milho. Descobri que o preço do milho caiu pela metade, desde a última vez que o vizinho o comprou. Sem falar na gorjeta. Mas, e o prazer de ver aquele bando de patos vindo ao meu encontro em busca do milho? Gentes, que coisa maravilhosa viver em um sítio.

3º dia – Hoje, não passaram nem os macacos-prego e nem as saracuras para me acordar. Fiquei na cama esperando por eles até depois das nove horas. Não dá para confiar nos animais para acordarem a gente. A Nina entra no quarto reclamando que a casa está sem água. Minha nossa! Ontem, com a história dos patos, esqueci-me de ligar a bomba que joga a água na caixa. É lógico que não é um simples incidente desses que vai me aborrecer. Dou um beijo na bochecha dela, que continua de cara amarrada, e vou ligar a bomba. São pequeninas coisas que não chegam a tirar o prazer da gente. Amanhã começarei a trabalhar no jardim da casa. Estou com excelentes idéias para a remodelação. Viva a vida no campo!

4º dia – Hoje, o barulho para acordar foi o barulho da chuva. Levantei-me e fui olhar. Algumas telhas quebradas, no alpendre, deixam passar água. Muita água! Anoto mentalmente: mandar revisar todo o telhado da casa e mandar trocar as telhas quebradas. Adeus início de trabalhos de remodelação do jardim. Com essa chuvarada, não dá. Vida no campo tem dessas coisas. Quando se quer chuva, ela não vem. Em compensação, quando não se quer... Lembro do provérbio inventado pela Vanessa, minha neta de oito anos (vide blog da Lu: http://eeepa.blogspot.com/ ): "Quando a gente não quer, tudo ganha." Sábia Vanessa!

5º dia – Hoje, acordei com o barulho de um bando de sagüis. É um tipo de macaco bem menor que os macacos-prego, mas também muito barulhentos. Dessa vez não foi engraçado. Ainda estou me lembrando dos gastos com o conserto do telhado e não há coisa alguma que me alegre. A caseira veio me dizer que as duas capivaras que apareceram no lago estão fazendo estragos na horta. Conseguiram rebentar o alambrado muito velho e enferrujado. Fui lá verificar o estrago e as possibilidades de conserto. Realmente, o estrago foi feio. O alambrado está imprestável e precisa ser totalmente trocado. Fiz um cálculo rápido do custo: pelo menos uns sessenta metros de alambrado, bem reforçado. Fora a mão-de-obra. Pessoal, é bom morar no campo, mas não é tão barato quanto estavam me dizendo.

6º dia – Hoje, tornei a ouvir o barulho dos macacos-prego. Lembrei-me, então, que há muito tempo não como bananas das bananeiras do sítio. E olhem que eu tenho sete variedades diferentes de bananas. Aquilo deixou-me perplexo pelo resto da manhã. Após o almoço, fui ver as diversas plantações de bananas. Diversos cachos em formação lá estavam. Mas, cachos de bananas prestes a amadurecer, no ponto de colher, nada! Mas encontrei muitos indícios de colheita de bananas: diversas bananeiras derrubadas para a retirada dos respectivos cachos de bananas. Fiquei uma fera e fui tirar satisfações com a caseira:

"Quem está colhendo as bananas, que eu não vejo nenhuma por aqui?"

"Eu também não vejo", respondeu-me ela. "É o pessoal aí das Nações (um bairro popular da cidade) que entra e leva tudo."

Fiquei uma fera. De tanta raiva, fui dormir sem jantar.



7º dia – Hoje, domingo, acordei tarde e com dor de cabeça. Fiquei louco de raiva com um bando de maritacas barulhentas que por ali passou, nessa hora. A família toda vem para o almoço. Fui até à cozinha e encontrei a Nina ocupada com uma grande quantidade de coisas.

"Cadê o cafezinho que o meu amorzinho fez para o maridinho queridinho dela?"

"Na garrafa térmica! Onde mais poderia estar? Abra a geladeira, pegue frios e prepare um sanduíche você mesmo. Estou muito ocupada fazendo o almoço. Esqueceu que hoje é folga da caseira?"

Com esse "alegre" bom dia, silenciosamente, preparei e comi meu sanduíche, acompanhado de um café morno e a explicação: "Já falei quinhentas vezes pra você que essa garrafa térmica está com defeito!"

Como não chove há alguns dias, fui molhar meus vasos de orquídeas. "Cadê a mangueira que estava aqui?" A caseira, que hoje está de folga e desaparecida, sumiu com ela.

O pessoal está demorando para chegar. Vou à geladeira pegar uma cervejinha.

"Não tem cerveja na geladeira."

"Como? Sabendo que vinha tanta gente e você não cuidou das bebidas? Será que eu sempre tenho que lembrar de tudo?"

Saí correndo para providenciar.

Quase três da tarde. O pessoal chega para o almoço. Eu estou "varado" de fome e doido por uma cerveja gelada.

Termino de almoçar e me preparo para ir tirar uma soneca.

"Pai, não vá se esconder que daqui a pouco vamos embora."

"Mas vocês acabaram de chegar!"

8º dia – Hoje, acordei com um sabiá cantando bem junto à janela do quarto. Levantei-me correndo e abri a janela.

"Sabiá f.d.p! Ta gozando da minha cara? O que é que tem aqui no campo para ficar alegre? Estou estressado com essa droga de mato. Quero voltar para São Paulo!"

Atirei meus chinelos nele. O bicho é muito vivo e conseguiu fugir.

9º dia – Hoje, eu estou pondo fogo nesta porcaria de Diário.

JF (direto de Itatiba/SP)


sexta-feira, dezembro 14, 2007

MENSAGEM PARA MIM



---------- Forwarded message ----------
From: Nina Maria <nm@...
Date: 16/05/2007 11:07
Subject: 16 de maio
To: josefvannucchi@gmail.com

Dia 16 de maio de 1969 . Às 10:00 hs, iniciam-se os preparativos para o "grande dia" : cabelereira, maquiadora, a conversa com as primas queridas que vieram do interior (minha querida Catanduva) para partilhar aquele momento tão especial!

Chegou uma encomenda da Floricultura : Uma orquídea com um cartão : "Muitas felicidades para nós".

O coração batendo emocionado, os olhos sorrindo, eu via chegar o dia esperado com tanto carinho, desde a adolescência.

As fotografias tiradas em casa, antes de ir para a Igreja; a conversa com meu pai durante o trajeto para a cerimônia (Filha, você promete que vai ser feliz?) .

A espera pelo noivo . A noiva chegou antes do horário e o noivo atrasado (rs!rs!). A entrada na Igreja : mãos dadas com meu pai, vi lá no altar, no lado esquerdo, minha mãe, meu irmão, meus padrinhos e, logo, o meu olhar se fixou "nele", o meu amor; o homem que meu coração escolheu para partilhar toda a minha vida. Tão sério, emocionado, tão querido!

Hoje, 38 anos passados, este dia continua tão presente, com todo o seu significado, com toda a emoção, o amor tão forte!

Meu bem, eu te amo, por você ser exatamente o que é, com todas as suas imensas qualidades, com os pequenos defeitos ( que realçam as qualidades), por todos estes anos de cultivo do amor, pela amizade, cumplicidade, pelas horas de silêncio a dois, pelos risos, pelas horas de luta, pelo cantar em família. Eu te amo, também, ao amar nossos filhos, nossas netas. Amo o teu olhar de manhã, o som da sua voz; até o som do teclado do computador, quando você está "conversando" com os nossos amigos, tão queridos!

Voltando à pergunta do meu pai, no dia do nosso casamento, a resposta foi "Eu prometo" e esta promessa está sempre sendo cumprida. Deus nos abençoe para que possamos estar juntos mais anos ainda.

Você é meu amor, minha vida!

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O e-mail acima, eu recebi no dia 16 de maio último, dia em que a Nina e eu completamos 38 anos de casados. Nem preciso dizer para vocês que chorei de emoção, não é mesmo? Obviamente, abraçado nela.

Hoje é outra data muito importante para nós: 43 anos de uma conversa telefônica:

Eu: "Você quer namorar comigo?"

Ela: "Si quero!!"

E foi assim que, no dia 14 de dezembro de 1964, depois de um bom tempo de paquera, começamos a namorar. E namoramos até hoje!

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Gentes, estou escrevendo diretamente do sítio, em Itatiba/SP. Acabo de por para fora do escritório (para o gramado) uma pequenina rã que por aqui passeava, vinda sei lá de onde e como. Foi um baile! Como esse bichinho pula! Lógico que eu não ia pegá-la com a mão. Com um jornal, com o máximo cuidado para não machucá-la, eu a empurrava para fora. Ela não entendia nada, pulava, pulava e voltava para dentro. Finalmente, consegui.

Passado o episódio "rã", voltemos ao texto.

Como eu dizia, estou escrevendo do sítio. O cumputador é bem velhinho. Acho que nem é movido a eletricidade. É um computador "a vela". Aqui no cantinho do teclado, o antigo dono escreveu seu nome. Nossa! Que forma arcaica de desenhar as letras! Deixem-me ver se consigo entender: Peeeroo... Iso mesmo: Pero! E depois? Esse dá para ler bem: Vaz. Em seguida... de Caaa... de Caaminnnnha. Pero Vaz de Caminha? O antigo dono do micro? Será possível? Gentes, acho que foi neste computador que ele escreveu a famosa carta para Dom Manuel, o Venturoso, El-Rei de Portugal!

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Gentes, vou precisar levantar às cinco e meia, pois preciso voltar para São Paulo e chegar em casa antes das oito da madrugada. Hoje, o pessoal da transportadora passou o dia embalando as coisas: louças, vidros, cristais, equipamentos vários, cadeiras, mesas, sofás, tudo. O objetivo é embalar tudo. Haja papelão, caixas de papelão, e... plástico-bolha. Amanhã, depois das oito da madrugada, eles lá estarão para continuar embalando o que ainda falta. O caminhão só pode encostar à uma hora da tarde. Até esse horário, é estacionamento proibido. Aí, carregam o caminhão e voltam para o depósito. A mudança só chega ao sítio na segunda-feira.

E o que eu vim fazer no sítio, à noite, se tenho de estar de volta bem cedo? Vim trazer a Nina e o Eddie Wood. O Ed é o meu beagle (cada dono tem o cachorro que merece!). A recomendação da transportadora é para que não fiquem animais (cachorros malucos, principalmente) no local, por ocasião da retirada das coisas.

Em casa, quando chega alguém, é para visitar o Ed. Ao menos é como ele pensa! As pessoas têm de dar atenção integral a ele. Vocêm não imaginam o que foi hoje, durante o dia, com o pessoal da transportadora "tentando" embalar as coisas e o danado querendo "chamar a atenção".

Pior foi quando chegou a equipe de reportagem da TV Band, às duas da tarde. Não contei? Pois é! Está previsto para o Jornal da Band de 2ª feira (19,20hs - horário de São Paulo). Não deixem de assistir! Não vou falar o que era a matéria para não estragar a surpresa.

Mas, quando chegou o pessoal da Band, quem mais queria aparecer era o Eddie Wood! Foi filmado subindo na mesa do computador. Só não sei se ele irá "ao ar"! A família toda estava lá, para a reportagem. O operador da câmera foi bem claro: "Em oito anos de trabalho, nunca fiz uma matéria com uma família tão doida." rsrsrsrsrs

Ou seja: o Ed não estará em casa, na hora de carregarem o caminhão. E nem a Nina, pois alguém precisa tomar conta dele para que não destrua toda a ordem e paz do sítio.

Por isso sempre digo: pensem muito bem antes de comprar um filhotinho de beagle! Precisa ter vocação para possuir um cachorro desses. (O Eddie Wood, com cinco anos de idade, é nosso segundo beagle. Antes dele, tivemos a Belle Fruitcake, que viveu quatorze anos. Sem contar com o Sir Lancelot - Lance, para o íntimos - do sítio, que viveu dezesseis anos. Um mais trapalhão que o outro)

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Gentes, estava escrevendo e pensando. Comecei a namorar com a Nina num dia 14 de dezembro. Devia ter começado a namorar depois do Natal, não é mesmo? Teria economizado um presente! (se ela lê isto, me joga no lago - rsrsrsrsrsrsrsrsrs)

Pensando melhor, até que foi um bom negócio! Eu dei um presente a ela e ela deu um presente para mim. Um a um! Jogo empatado! Uma semana depois, no dia 1º de janeiro, meu aniversário, ganhei outro presente. Ótimo: Dois a um para mim. Ganhei! hehehehehehehehehehehehehe!

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Gentes, em novembro, em Fortaleza, fui entrevistado pela TV Verdes Mares. Ilustrando a matéria, inclusive, apareceu no jornal local um pouco da palestra que fiz sobre as "normas para julgamentos em exposições de orquídeas".

Agora, entrevista na Band que, ao que parece, vai para o jornal nacional da emissora.

Com tanta "evidência", será que a Globo não "repara" em mim e não me coloca no lugar da Xuxa, agora que estão tirando o programa dela "do ar"? Modéstia à parte, acho que seria um ótimo negócio para eles! E para mim, também! Acho que vou comprar uma peruca loira e já começar a ensaiar

I la ri la ri la ri ê
Ôôô
I la ri la ri la ri ê
Ôôô

Abração
JF





quinta-feira, dezembro 13, 2007




CONVOCAÇÃO:

FAMÍLIA JACARÉ!!!

Ensaio marcado para o próximo domingo, na nova sede, no sítio, em Itatiba/SP.



FELIZ É A TARTARUGA. QUANDO MUDA, CARREGA A CASA NAS COSTAS E NÃO PRECISA PAGAR EMPRESA DE MUDANÇAS!

Gentes, na outra encarnação vou montar uma empresa de transportes especializada em mudanças residenciais. Juro! Vocês já andaram pedindo orçamento para uma mudança, ultimamente? Tentem! Mesmo que não estejam com intenção de mudar-se, telefonem para alguma delas e peçam um orçamento. Com vistoria prévia e sem compromisso. Mas, digam que vão mudar-se para um sítio, em um município qualquer, a uns 80 ou 90 quilômetros de São Paulo. No dia seguinte, vocês estarão sendo visitados por um sujeito muito falante, contador de piadas, uma “simpatia”. Aí, quando chegar o orçamento, vocês vão reparar que as piadas do sujeito eram sem graça. Mas aí já é tarde!

Ah, sim! Tudo bem! Vocês pediram um orçamento mas sem intenção de mudança. Ainda bem! Vocês vão ver que loucura que é. Depois, vocês me contam.

CARREGANDO O PIANO

A única vez em que me mudei e não levei meu piano, foi quando casei. O piano ficou na casa de meus pais. Porém, depois de alguns anos, levei o piano para o apartamento. Naturalmente, contratei uma empresa especializada.

Para tirar o piano da casa dos meus pais foi fácil. Era casa térrea. Mas, quando chegaram com o piano lá no prédio em que eu morava... Décimo andar de um edifício antigo, daqueles que têm o “pé direito” lá nas alturas! É mais que óbvio que o piano não cabia no elevador. Tinha que ser levado pela escada por quatro peões. Cada um deles muniu-se de um... de um... como direi? De um “pescoçorão”... Como? O que é um pescoçorão? Bem, é uma correia muito grossa, de couro, que as pessoas passam em volta do pescoço e que vai até o chão. A parte de baixo é colocada sob o piano e, assim, com base na força de pescoço, ombros, coluna, braços, os quatro peões mantém o piano elevado uns dez centímetros do solo e o levam de um lado para outro. Inclusive, sobem as escadarias de um edifício... Pescoçorão? Vocês não conhecem esse termo? Na verdade, os dicionários ainda não registram. Acabei de inventar. E foi pura analogia. Se a uma correia grossa em volta da cintura denominamos cinturão, por analogia, em volta do pescoço será pescoçorão! Isto é lógica pura!

Os “carinhas” levaram uma meia hora para chegar ao meu apartamento. Quando puseram o piano no chão, os quatro estavam em petição de miséria, mais molhados de suor que cachorro que ficou trancado do lado de fora da porta, em dia de temporal! Imediatamente, peguei copos e água para eles. Eles olharam bem para a água, mas ninguém se animou. Aí, um deles, que parecia ser o chefe, virou-se para mim e falou:

“Água, doutor? O senhor não tem aí uma garrafa de conhaque?”

Fui buscar o conhaque e eles puderam matar a sede.

NEM TUDO QUE VEM DO CÉU É AVIÃO OU PASSARINHO

Houve uma grande evolução no transporte de pianos, desde aquela vez em que o meu piano foi levado para o meu apartamento, há mais de trinta anos.

Quando eu mudei desse meu primeiro apartamento, o piano não foi mais pela escada. Foi levado ao terraço e, dali, desceu pelo lado de fora do edifício, preso por cabos. Literalmente, um “mais pesado que o ar” sendo transportado de forma aérea.

No novo prédio, foram colocadas vigas em um apartamento acima do meu. Com cabos e roldanas, o piano foi içado até o terraço do apartamento e, por ali, entrou. De nota, o susto da Belle Fruitcake, nossa cadelinha Beagle, antecessora do Eddie Wood, quando viu aquele baita piano aparecendo no ar e entrando no apartamento pela murada do terraço.

Igualmente, neste meu atual terceiro apartamento, do qual já estou de mudança, o piano foi içado. Porém, diferentemente das mudanças anteriores, desta vez, não haverá piano para ser transportado. Eu o vendi e já foi retirado. O comprador, uma loja que compra e vende pianos, contratou gente especializada nesse tipo de transporte. Vieram três pessoas. Imaginei que iriam colocar toda a tralha para descer o piano por cabos. Puro engano! O piano foi pela escada mesmo, só que, agora, descendo de um 13º andar.

A primeira providência foi a de retirarem todas as partes de madeira da frente, de cima, de fora, de dentro... Ou seja: tiraram o “armário”. Depois, tiraram todo o conjunto do teclado e mais algumas coisas que davam para serem tiradas. Com isso tudo, diminuíram, no possível, o peso do piano. Depois, enquanto um deles descia, pelo elevador, levando as partes removidas, os outros dois colocaram os seus “pescoçorões” e lá se foram pela escadaria do prédio, felizes como gatos que acabaram de pegar um rato!

A CAMINHO DO PARAISO

Mas, nada como um dia depois do outro, pois o mundo gira, a “Lusitana” roda, e, no próximo sábado, quando tocarem a campainha, em casa, vou imitar a voz da menininha do comercial da TV e berrar pra Nina:

“Manhêêêêê!!! O caminhão da “Granero” já chegouuuuuu!!!”

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NOTAS E... MAIS NOTAS

Novidades nos links de blogs amigos. Agora, separados dos demais, os blogs especializados em música. Não deixem de ver. Muita música de qualidade.

Quero agradecer ao pessoal que tem visitado o blog. Tanto aos que o visitam de forma incógnita como aos amigos que assinalam a presença. Percebo, pelo "contador de visitantes", que a audiência vem aumentando, embora os tímidos não deixem suas mensagens.

E uma nova amiga. A Alê Barros, com seu blog Caraminholas já devidamente registrado e "linkado" na minha relação de blogs amigos. Não deixem de ver. Ela se diz "Taurina, Teimosa, Geniosa, Estressada, Dorminhoca e Pavio Curto". Depois de lê-la, eu digo: Descontração e Emoção andando lado a lado! Podem conferir.

Abração
JF

segunda-feira, dezembro 10, 2007

NOTÍCIAS E "CAUSO"

ALTA ANSIEDADE


Gentes, estamos a SEIS dias da mudança para Itatiba.

A ansiedade é enorme. A Nina não para de chorar no meu ombro! Tenho que trocar de camisa a cada 23 minutos. Quanto a mim, meu analista me recomendou ficar estourando aquelas bolhas do plástico-bolha. De oito em oito horas pego um lençol de 12 m2 de plástico-bolha e estouro todas as bolhas. Uma por uma! Gasto oito horas para estourar todas as bolhas do lençol de 12 m2! Dessa forma, não me sobra tempo para ficar pensando na mudança. Só penso em bolha de plástico-bolha! Verdade que não estou com tempo nem para dormir. Estou escrevendo este e-mail com os pés, pois as mãos estão ocupadas estourando o plástico-bolha.

Abração
JF

(em tempo: na verdade, quem me recomendou estourar as bolhas do plástico-bolha fui eu mesmo. Sou meu auto-analista. Eu me auto-analiso. Fica bem mais barato e não preciso sair de casa. Me sobra mais tempo para estourar bolhas de plástico-bolha.)


A PROPÓSITO DOS CHAPÉUS FEDIDOS



Gentes, vocês estão lembrados dos chapéus de vaqueiros que eu trouxe de Fortaleza? Aqueles de couro cru, mal-cheirosos? Estão no terraço do apartamento por todo esse tempo, desde que chegaram. Já tomaram chuva, sol, vento. Já sumiu um pouco do mal cheiro. O Vagner e eu (Rodapé e Trovão) até já tentamos usar (vejam a foto, fazendo uma percussão com pandeiro e triângulo), mas ainda leva algum tempo para o cheiro passar despercebido.


MÁQUINA FOTOGRÁFICA DIGITAL

Gosto muito de recolher "causos" que, depois, são narrados nas apresentações no nosso grupo musical, o "Família Jacaré". Consegui uma "história de pescador" muita boa, lá em Fortaleza, no passeio pela fóz do Rio Mundau. A história (na verdade: estória) já está devidamente adaptada e incorporada ao repertório. Quem quiser ouvir, basta comparecer à nossa próxima audição!

Recentemente, na Internet, recolhi a historinha a seguir, já adaptada em "causo" do repertório do "Família Jacaré". É o seguinte:


A máquina di tirá retratu

Trudia eu sai du sítio i fui lá em Sumpaulo. Eita, cidade graaannndeeee! Eu tava abestalhado cum as coisa que se vê pur lá.

De repente, numa vitrine de uma loja, tinha uma porção de umas maquininha queu nunca vi coisa iguar! Fiquei lá dimirando, dimirando... todo abestalhado.

Aí, saiu lá de dentro da loja um moço e me perguntou:

"Ô moço, quer comprar uma máquina fotográfica?"

"Maquina fotográfica? Qui qui é isso?"

Ele me olhou espantado e perguntou:

"Não conhece? É uma máquina que pode pegar sua imagem e reproduzí-la em um papel."

"Ahhhh!!! Máquina de tirá retrato!!! Agora intindi o qui qui é isso daí. Mas na minha terra é muito deferente! De dumingu, quando a gente vai na missa lá na vila, lá na pracinha tem o Bastião Lambe-Lambe qui tem uma máquina di tirá retrato. Mais a máquina é enorme. Ele infilera toda a famia, manda todo mundo ficá queto, depois infia a cabeça pru baixo dum pano preto, grita prá todo mundo oiá u passarinho ( agente até óia, mais num tem passarinho ninhum!). Dispois, ele dá prá nóis u retrato da famia e cobra cinco merréis."

"Ah! Mas essa é uma máquina muito antiga. Esta é moderna. Quer ver como funciona?"

O moço pegô uma maquininha daquelas, apontô prá mim e saiu um clarão que me deixô cego. Aí ele me disse:

"Pronto! Está tirada a foto. Olhe aqui na parte de trás da máquina."

Eu oiei e, sem brincadêra, lá na bundinha da máquina, tava meu retrato agrudadu. Coisa do ôtro mundo! Até parecia coisa do Demo! Ele viu que eu gostei e já começou a me contá das vantage da máquina. Eu num intindia nada: quatro mir pixéus, lente bejetiva, sei lá mais quê! I us retrato, era só baixâ eles nu computadô!

Aí eu já num gostei. Achei que ele estava sendo disrespeitoso cumigo.

"Óia aqui! Mi arrespeite! Nem cum dor i nem sem dor! Num vô mi abaxá na frente di ninguém!"

Ele mi oiô ispantado e cuntinuô ispricando as vantage da máquina.

Agora, o qui eu gostei memo foi quando ele me disse que a máquina pudia batê a foto suzinha! Com um tar de disparadô otomatis! Era só eu ajustá a máquina, apertá um botão, corrê pra minha posição, e a máquina batia a foto suzinha, suzinha!

Aí mi intusiasmei! Imagina só a cara daquele povo todo lá da roça, que só conhece a máquina de tirá retrato do Bastião Lambe-Lambe, se eu apareço cum essa máquina muderna pur lá! Hêhê! Eles num vão nem sabê u qui é!!! Cumprei a máquina e lá mi fui eu pro sítio.

Chegando lá, chamei toda a famiage prá vê a novidade e tirá um retrato. Ninguém quiria criditá qui aquela maquininha, daquele tamanhiquinho, fosse di tirá retrato!

"Ué! Num teim pano preto prá infiá a cabeça? I cumé qui ocê vai falá prá nóis oiá us passarinhu?""

Eita capiaus qui num intendi di coisa muderna!!!

Fiz tudu eles se juntá perto da cerca di arame farpado e preparei prá tirá a foto Coloquei a máquina im cima de uns morão de cerca, vi qui tava tudu mundo nu seu lugar fazendo pose de retrato. Carculei um lugar prá mim entrá i sair na foto, bem du ladu da minha véia, a Nhá Nina. Só qui eu num falei nada prá eles du disparadô otomatis. I falá prá quê? Eles num ia intendê memo! Até iam achá qui otomatis era coisa di botá na salada! Mais qui eles ia ficá espantado di vê a máquina tirá retrato suzinha, lá isso ia! Hêhêhê! Qui surpresa qui ia sê!

Carculei tudu direitinho, mandei tudo mundo ficá queto i pará di si mexê, dei mais uma cunfirida na máquina prá vê que tava tudu mundo no lugar, apertei u disparadô (pru dentro di mim eu dava rizada suzinho só di pensá nu ispanto deles quando vissi a máquina tirá retrato suzinha!!!) e saí correndo pru meu lugar no retrato.

Ni qui qui eu sai correndo, tudo mundo saiu correndo tambeim. Cada um prum lado. Nhá Nina, que num é muitu alta (ocêis conhece minha véia, né?) quis pulá a cerca de arame farpado, tropeçô i ficô estatelada no meio dus arame. Um escândalo! Deu um trabaião prá tirá ela di lá e ponhá nu chão otra veiz.

Aí, num guentei mais i recramei:

"Mais u qui deu im oceis? Ceis istragaro u retratu. Prá mó di quê qui oceis sairu tudu correndo?"

Nhá Nina intão falô:

"Ara! Nóis é caipira mais num é besta! Si ocê que conhece a máquina ficô cum medo i saiu correndu, ocê quiria qui a gente ficasse lá parada? Saimu tudo correndo tambeim!"

Nhô JF