terça-feira, junho 17, 2008

Pondo o boné para ir embora




















Personagem famoso das “tiras” de jornais, Zé do Boné é um sujeito ranzinza, não gosta de trabalhar, gosta de beber, vive com um toco de cigarro no canto da boca, furta uns “trocados” da bolsa da mulher para poder beber, briguento, bate na mulher... Enfim, o “tipo” do mau-carater.

Certa vez, a Nina me deu um boné de presente. Para nossa surpresa, uma etiqueta interna dizia “made in Sri-Lanka”.

Nunca imaginei que nesse país asiático, que tem como capital a cidade de Colombo, se produzissem bonés para exportação. E, muito menos ainda, nunca imaginei que o Brasil fosse um país importador de bonés. E do Sri-Lanka (antigo Ceilão), ainda por cima.

Meu interesse em usar boné deve-se ao meu hobby: a orquidofilia. E o que um boné tem a ver com orquídeas, vocês devem estar perguntando aos seus botões. Eu explico.

Sou moderador da maior lista de discussão de orquídeas em língua portuguesa da Internet, a lista “Orquídeas-Mundo Orquidófilo”. Estamos chegando aos 2.000 associados do mundo inteiro. Com isso, freqüento muitas exposições pelo Brasil todo, onde acabo materializando muitas amizades virtuais. Para ser facilmente reconhecido, uso um boné branco com as iniciais JF bordadas no alto.

Quando imaginei esse boné, fiz alguns testes utilizando-me de uma foto do Tom Hanks. Por brincadeira, divulguei a foto na lista de discussão dizendo que era eu. Não deu outra! Quando eu aparecia nas exposições, com o boné, as pessoas (leia-se mulheres) diziam que eu era muito mais bonito “ao vivo”. Hehehehehehehehe!

Mas, por que estamos falando de bonés?

Simplesmente pelo seguinte:

Eu estava navegando pelo “site” da Câmara dos Deputados e acabei chegando ao Projeto de Lei 2793/2008, proposto pelo deputado Alex Canziani (PTB-PR). E do que trata esse transcendental PL, capaz de tomar o tempo dos deputados brasileiros? Bem, um assunto importantíssimo para o futuro da nação: confere ao Município de Apucarana-PR o título de “Capital Nacional do Boné”.

Isso me deixou deveras extasiado, embevecido mesmo, e esperançoso com a solução de todos os problemas do país.Viva o boné! Porém, como não li a exposição dos motivos que levou o ilustre deputado a fazer a propositura, passei a noite em claro tentando imaginar as razões. Teria sido porque Apucarana resolveu desbancar o Sri-Lanka como grande fabricante de bonés? Será que Apucarana resolveu tomar as dores do país e criar mais um item na nossa pauta de exportações e, quem sabe, tornar-se o maior produtor do mundo de bonés? Pode ser! Ou será que o deputado resolveu fazer essa homenagem por julgar (ele, deputado) que Apucarana é uma cidade de machões repressores de suas mulheres, como o Zé do Boné?

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EXPOSIÇÃO NACIONAL DE ORQUÍDEAS - RIO CLARO/SP

Pessoal, neste próximo final de semana, dias 20 a 22 de junho, teremos mais uma exposição de orquídeas na cidade de Rio Claro/SP. Anualmente, coincidindo com os festejos de aniversário da cidade, Rio Claro realiza a maior exposição de orquídeas do Brasil. Um espetáculo que vale a pena ser visto. São perto de 3.000 orquídeas expostas, provenientes de associações de orquidófilos de SP, MG, RJ, PR, SC, RS, GO, MS, DF. Nesta ocasião, realizam-se os encontros dos orquidoidos, digo: dos orquidófilos vindos do Brasil inteiro, além de Argentina, Paraguai, Bolívia. É uma grande festa.

Local? Colégio e Faculdades Claretianas, bem próximo à Estação Rodoviária, à Avenida Antonio Maria Claret, 1724. Entrada franca.

Ao mesmo tempo, teremos o tradicional Salão da Cattleya walkeriana, outra exposição de orqídeas, no Orquidário Wenzel, Avenida Saburo Akamine.

Se eu vou? Lógico! Em tempo integral.

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É isso aí, pessoal. Até a semana e um abração para todos.

JF

quarta-feira, junho 04, 2008

CADASTRO NACIONAL DE GRÁVIDAS

Gentes,

Vocês já assistiram, alguma vez, a TV Câmara? E a TV Senado?

Bom, meu pai não tem mais visão. A distração dele, portanto, é ficar ouvindo a TV Senado e a TV Câmara, o dia inteiro. Com isso, por tabela, a gente acaba ouvindo, também.

Dia desses, me diverti bastante vendo o senador Suplicy dirigir-se a Ministro Mangabeira Unger:

“Sr. Mangabeira Unger, digníssimo Ministro Extraordinário do Ministério de Assuntos Extraordinários.”

Foi uma simples confusão. Ministro de Assuntos Estratégicos... Ministro de Assuntos Extraordinários... São nomes bem parecidos e quase que se pode dizer que foi apenas uma confusão semântica.

Nas segundas feiras, tradicionalmente, o movimento da Câmara dos Deputados é fraco, assim como nas 6ªs feiras. São dias normais de funcionamento desse órgão do legislativo nacional, mas, na prática, só funciona, mesmo, com a plenitude de presença dos deputados, de terça à quinta feira. Assim, 2ª e 6ª feira são os dias em que aqueles deputados de que a gente nunca ouve falar (que não cheiram e nem fedem) aproveitam para fazerem seus discursos e, assim, aparecerem na televisão (TV Câmara).

E foi assim que, na última segunda feira, pude ouvir discursar o deputado Walter Brito Filho, do PRB, da Paraíba.

Para começar, não me lembrava de já ter visto essa sigla. São Google me esclareceu: Partido Republicano Brasileiro. Além do senador Marcelo Crivela (PRB-RJ), também é o partido do nosso Vice-Presidente da República, o... como é mesmo o nome dele? Hááá, sim! É José de Alencar. E, também, o partido do ministro extraordinário de assuntos estratégicos Mangabeira Unger. Partido influente, heim? Mesmo a gente não ouvindo falar.

Bom, mas vamos ao discurso do Brito.

Pois o Brito apresentou um projeto de lei importantíssimo: cria um cadastro nacional permanente de todas as mulheres que estejam grávidas, por todo este país afora. É verdade! A coisa funcionaria assim:

Quando a mulher vai procurar um posto de saúde, um hospital, ou qualquer outro órgão ligado à saúde, tanto da rede pública quanto da rede privada, e desde que fique constatado que ela esteja grávida, imediatamente deverá ser comunicado o fato ao órgão competente (ainda a ser designado ou criado). Qual a finalidade? Segundo o deputado, é para evitar abortos. É verdade! Eu ouvi isso com estes meus próprios ouvidos que a terra, um dia, há de comer: é para evitar os abortos! Como? Fácil! Havendo um registro, depois a mulher poderá ser cobrada.

"Cadê o bebê?"

"Num sei! Acho que gato cumeu!"

"Têje presa!"

Gentes, e como é que ficam aquelas mulheres lá no interior da Amazônia, e de todo esse interiorzão brasileiro, que dão à luz sem nenhum controle médico, cujos filhos sequer são registrados? Será que a Funai vai se encarregar de comunicar a existência de mulheres índias grávidas?

Bom, mas não foi só isso.

Depois dele, falou um tal de deputado Magela, do PT do DF, ecólogo que veio defender a não utilização da floresta amazônica e do cerrado brasileiro para fins agrícolas e pecuários. Até aí, sem muita novidade, apesar de que acho que pode haver uma exploração sustentada dessas áreas, sem destruí-las, mas desde que haja uma muito, mas muito mesmo, efetiva fiscalização, sem nenhuma artimanha e sem nenhuma corrupção (isto é quase que utopia!).

Mas o tal do deputado Magela se explicou. Existem, no Brasil, milhões e milhões (foi isso mesmo que ele falou: MILHÕES E MILHÕES) de quilômetros quadrados de terra que podem ser utilizados sem mexermos na Amazônia e no Cerrado.

Aí, eu pergunto:

"Milhões e milhões de quilômetros quadrados, deputado? Mas se já temos uma enorme área aproveitada em plantações de soja, de cana, de café, de algodão, de laranja, de inúmeras outras culturas, além de enormes áreas utilizadas em pecuária, e, ainda considerando que as áreas de cerrado e de floresta amazônica podem atingir, não sei ao certo, de um terço à metade dos oito e meio milhões de quilômetros quadrados da superfície nacional, onde estão esses "milhões e milhões de quilômetros quadrados" que ainda podem ser utilizados e que o senhor está dizendo?"

Gentes, não entendi. Será que o deputado Magela, do PT do DF, atrás desses milhões e milhões de quilômetros quadrados, está pensando em invadir a Bolívia, a Argentina, a Venezuela, o Peru, a Colômbia, o Uruguai, o Paraguai, o Suriname, a Guiana? E por que deixar Chile e Equador de fora? Seria preconceito só porque não fazem divisas com a gente? E, nesse caso, aproveita-se, ainda, para invadir a Guiana Francesa e dar um final feliz à tal da Guerra da Lagosta, um dia iniciada e não levada avante.

Gentes, isso é o que se discute na Câmara de Deputados do Brasil!

Abraç...

Ops! Que oportunidade para o presidente! Afinal, o PRB faz parte da base de apoio de seu governo. Poderia ser criado o Ministério Extraordinário para cuidar desse assunto. Além do ministro, aconteceria mais uma infinidade de cargos a serem distribuídos aos aliados, agregados e companheiros.

Sem falar nas polpudas comissões a serem pagas a alguém pela empresa que vencer a concorrência para fornecer as "carteirinhas de grávidas". Uauuuuuuu!!!

Gentes, me desculpem preciso parar por aqui e correr para me filiar a algum dos partidos da base do governo. Quem sabe eu não viro Ministro Extraordinário da Gravidade Nacional? Ou seria “da Gravitação”? Bom, não importa. Do jeito que anda minha situação financeira, aceito até o cargo de Ministro Extraordinário para Assuntos Aleatórios.



A charge que ilustra o início do blog é de autoria de meu genro Vagner, marido da Lu (...eeeepa).
A foto, no meio do texto, é uma concepção artística de E.T. de Varginha.
A foto final é o E.T. criado para o cinema pelo Spilberg.
Qualquer semelhança dessas ilustrações com a Câmara do Deputados e alguns de seus membros é mera coincidência... Acho!!


Abração,
JF
Itatiba/SP

domingo, junho 01, 2008

O dia em que atrasou o vôo da British Airways

Pessoal,

É mundialmente conhecida a proverbial “mania” que os ingleses têm por pontualidade.

Um amigo meu contou-me um caso interessante. Vamos chamá-lo hipoteticamente, o meu amigo, de Sérgio.

Pois o Sérgio, economista laureado e reconhecido no Brasil e no exterior, estando em Londres, foi convidado a participar de um jantar acadêmico, em casa de importante professor universitário. O horário estava marcado para as oito horas da noite.

Uns quinze minutos antes, Sérgio chegou ao endereço indicado. Porém, como não conhecia, pessoalmente, os anfitriões, resolveu ficar na rua “fazendo hora”, para não sentir-se "deslocado". Logo percebeu que havia outras pessoas por ali, aparentemente esperando acontecer alguma coisa.

Quando seu relógio marcou a hora certa, ele se dirigiu à porta para tocar a campainha. Para sua surpresa, todas aquelas pessoas que por ali estavam também se dirigiram à porta. Estavam todos aguardando as oito horas da noite para entrarem no local do jantar.

E foi assim que Sérgio aprendeu que, para um inglês, oito horas da noite não são quinze minutos antes ou quinze minutos depois. São, precisamente, oito horas da noite. E é falta de respeito e de educação não observar esse princípio.

E esse respeito aos horários é observado em tudo o que diga respeito a determinação de horas. Que bom se assim também fosse no Brasil, não é mesmo?

Mas, isso pode ser um problema para os ingleses: afinal, eles não contavam exatamente com os brasileiros!

Há alguns anos, Adriano, meu filho, fez uma viagem à Inglaterra. A empresa aérea? Nada mais e nada menos que a British Airways, para ninguém botar defeito! Com saída em uma terça feira, se não me engano, às 16 horas, do Aeroporto de Cumbica-Guarulhos/SP.

O Adriano é o tipo clássico do brasileiro: horário? O que é para que serve isso?

Havia vários dias que ele precisava preparar um texto e enviá-lo pela Internet. Lógico que, como bom brasileiro capaz de dar nó em pingo d’água, o Adriano deixou para a última hora.

Duas da tarde, pensando em possível congestionamento na Marginal, na Via Dutra, etc, eu já estava desesperado com a tranqüilidade dele, terminando seu texto no computador. E, obviamente, brigando com ele, com a Nina, com o Eddie Wood (meu cão beagle - http://www.edbeagle.blogspot.com/ ), com o piano, com o telefone, com o.., com tudo!

Pouco depois das três horas (eu já havia colocado toda a “tralha” dele no carro, antecipadamente), finalmente saímos de casa.

Milagrosamente, o trânsito estava livre, os semáforos iam abrindo à medida em que eu ia chegando (talvez, um ou outro estivesse fechando, mas não era momento para pensar nesses detalhes!), a Marginal com trânsito bem livre, assim como, também, a Via Dutra. Nenhum representante do CET, Detran, Polícia Rodoviária pela frente.

Chegamos ao balcão da British às dezeseis horas, quando todos os passageiros, menos o Adriano, já estavam dentro do avião. O desespero do pessoal da companhia era evidente! Como um brasileiro ousava fazer um avião britânico atrasar? Mas, o drama ainda não estava terminado. O Adriano fica sabendo que precisava declarar seus eletrônicos (filmadora e máquina fotográfica) à Polícia Federal, para poder trazê-los de volta, depois, sem nenhum problema de entrada. Enquanto a Nina despachava a mala, sob evidente desaprovação dos súditos de Sua Magestade, lá fomos os dois à procura do balcão da PF. Os atendentes da British, nessa altura, estavam absolutamente perplexos, não querendo acreditar no que estava acontecendo.

O Adriano e eu chegamos ao balcão da PF. Explicamos ao agente o problema: o avião já estava com a saída atrasada e precisávamos, urgentemente, declarar os objetos. O agente não teve dúvidas: pegou um telefone e, na nossa frente, determinou a alguém que o avião da British devia esperar pelo passageiro Adriano, que estava “retido” na Polícia Federal. Brasileiro é sempre solidário!

Aí, toca preencher e assinar aquela papelada toda. Terminada essa fase, os dois voltamos, literalmente correndo, para o pessoal da British que aguardava, sei lá se pacientemente. Quando aparecemos, ao longe, uma apoplética comissária de bordo britânica veio ao nosso encontro, correndo, tomou o Adriano (um homem de metro e oitenta) pela mão e, tal professora e aluninho, os dois, sempre correndo, sairam do saguão, rumo ao avião.

Eu fiquei uns tempos lá parado, no meio do saguão de embarque, esperando que minha adrenalina caísse a níveis razoáveis. Foi preciso que a Nina me acordasse de meu transe.

Bom, ele conseguiu embarcar. A Nina e eu voltamos para casa. Emocionalmente, a aventura toda havia me deixado um “caco”. O Adriano haveria de se ver comigo, quando voltasse, dali a um mês.

Dois dias depois, começaram as comunicações, via Internet, e o Adriano pode contar o final da história, ou o seu “castigo” por haver alterado um horário britânico.

Ele e a aeromoça, bonita por sinal, foram correndo de mãos dadas até o avião. Nessa altura, a única porta do avião ainda aberta era perto da cabine de comando. Os dois subiram, correndo, todos os degraus. A porta foi fechada para que o avião pudesse dar imediato início aos procedimentos de levantar vôo. Mas, naquele enorme avião, a aeromoça não quis nem saber de procurar o lugar do Adriano, lá entre os passageiros da classe “turista”. Ajeitou-o no primeiro lugar disponível, cuidando para que ele já se munisse de seu cinto de segurança. E foi assim que o Adriano fez sua viagem São Paulo-Londres em uma super poltrona (que só faltava falar!) da primeira classe, com direito a todas as mordomias inerentes ao lugar, inclusive jantar regado a champanhe e caviar!
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As fotos que ilustram esta postagem foram retiradas da página do site
da própria British Ayrways - http://www.bamuseum.com/museumhistory.html

Na primeira foto, aviões Boeing 747 utilizados pela empresa;
Na segunda foto, o elegante traje da comissária de bordo, década de 90;
Na terceira foto, cabine de passageiros, por volta dos anos 1920/1930.

Essa página citada, com a história da companhia, é ilustrada por dezenas de fotos que mostram a evolução tecnológida dessa modelar empresa de aviação e merece ser vista por todos aqueles que gostam de aviões e do que lhes diga respeito. Um exemplo de divulgação histórica que deveria ser seguido por outras empresas.

Esse "incidente" engraçado é apenas isso: uma referência engraçada. Na verdade, com esta postagem, quero prestar uma homenagem a essa empresa que prima pelo bom atendimento e pelo conforto de seus passageiros, em aviões de tecnologia avançada.

De se lembrar, ainda, que, juntamente com Air France, a British foi uma das duas empresas que, dos anos 70 até os primeiros anos do século 21, operou o avião Concorde, notável aeronave que tinha sua velocidade de cruzeiro, a uma altitude de 90.000 pés, de duas vezes a velocidade so som - mais de 2.160 Km/hora. O único avião comercial, no mundo, a atingir essa velocidade.



É isso, meus amigos. Um grande abraço a todos e até à próxima postagem.
JF (direto de Itatiba/SP)