terça-feira, fevereiro 23, 2010

AS UVAS ESTÃO VERDES!

Pessoal, no tempo em que eu era criança (e bota tempo nisso!), gostava de ler as fábulas com animais: “O lobo e o cordeiro”, “O corvo e a raposa”, etc. Dia desses, lembrei-me da “A raposa e as uvas”. Estão lembrados? A raposa, faminta, chegou a um parreiral e, na falta de outra coisa, resolveu saciar a fome comendo uvas. Nem lembro mais como era a fábula. Apenas sei que, por qualquer razão, ou porque estavam muito altas, ou porque o fazendeiro lhe saiu no encalço com uma espingarda, não conseguiu comer as uvas. Para se consolar, enquanto se afastava, murmurou para si mesma: “Não faz mal! As uvas deviam estar verdes!”


Já contei, aqui no blog, que costumo ficar na internet até altas horas. E contei, recentemente, a história que assisti, da lagartixa tentando pegar uma borboletinha que estava do outro lado do vidro (A vida prega cada peça!!... – 10/11/2009).

Pois bem, as lagartixas são parte integrante do meu escritório. Aqui, elas têm proteção total, pois a Nina e eu somos defensores absolutos desses bichinhos. E de outros, também.

Dia desses... Melhor dizendo: noite dessas, uma mariposa enorme ficou se debatendo contra os vidros da janela, atraída pela luz do escritório. Óbvio que não conseguiu entrar, mas, em compensação, atraiu as atenções de uma lagartixa. Só que, desta vez, não uma das lagartixas internas. Agora foi com uma externa. Opaaaa! Perigo à vista!

O vitrô é bastante grande e, quando a lagartixa conseguia chegar mais ou menos perto, a mariposa já tinha voado e já se debatia em outro canto dos vidros. A lagartixa mudava a rota e continuava a perseguição. Gentes, isso durou quase meia hora. Nem sei como que uma das duas não caiu no chão, exausta.

De repente, a mariposa pousou, extenuada ou conformada de não conseguir entrar,com a lagartixa a pouco mais de meio metro de distância.

Quem foi que disse que animal não pensa? Está certo! Não posso afirmar, também. Porém, a lagartixa deu mostras de raciocinar e mudou de tática. Resolveu que a correria somente servia para espantar a presa. E iniciou um longo e lento processo de aproximação. Grudada ao vidro, ela levantava, bem vagarosamente, uma patinha e a colocava aproximadamente um centímetro à frente. Depois, movia outra patinha e a deslocava mais um centímetro. Depois a outra e a outra. Deslocadas, assim, as quatro patinhas, ela reiniciava a movimentação com a primeira patinha. Pata ante pata, ela levou vários minutos para se aproximar da mariposa. Para mim, o problema foi que, sendo um vitrô basculante, de espaços a espaços estão os caixilhos metálicos onde se encaixam os vidros. Assim, de cada pouco, a lagartixa ficava semi escondida à minha visão, até conseguir passar inteiramente de um vidro para outro, ultrapassando os caixilhos metálicos. Mas, nessa movimentação toda, percorreu todo o espaço de meio metro, aproximando-se da enorme mariposa. O último caixilho foi o mais interessante, pois a presa estava pousada logo acima. À medida em que a lagartixa o ultrapassava, sua cabeça e parte do corpo ficaram escondidos para mim. Até que, de repente, ela começou a aparecer no vidro de cima. Antes, um pequeno sinal esbranquiçado. Depois, esse sinal foi aumentando, bem lentamente, até aparecer toda a cabeça. E, aí, ela chegou junto à mariposa, sem que esta se mexesse. Abriu a boca e sua língua comprida chegou lá. Lógico que não conseguiria, só com isso, como ela costuma fazer com insetos bem pequenos, abocanhar um inseto tão grande.

Nessa altura, eu estava ali com um tremendo drama moral na cabeça: salvar a mariposa ou deixar a natureza seguir seu curso? Optei pelo segundo. A lagartixa deu o bote sobre o corpo da mariposa, que nem se mexeu. Alguma coisa deu errado. A lagartixa deu um segundo bote. Nada! A lagartixa deu uma parada, reconsiderou, virou para outra direção e foi-se embora.

A mariposa imensa, além de ser inabocanhável, devia estar verde.

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Continuando a falar sobre animais... Vocês gostam de urubus? Eu gosto! Acho lindo o porte, a utilidade, e o vôo dessas aves, quando elas aproveitam as correntes aéreas para planar. Nesses momentos, se vocês atentarem bem, verão que as pontinhas das suas assas curvam-se ligeiramente para cima, da mesma forma que as aletas nas pontas das asas de muitas aeronaves.

Aqui na nossa região, ainda existem muitas matas preservadas, o que facilita o desenvolvimento de muitas espécies de animais de pequeno porte, como macacos, gambás, raposas, caxinguelês (esquilos), além de muitas aves. E até animais de porte um pouco maior, como suçuaranas (onça parda) têm sido vistos, eventualmente.

Mas, voltemos aos urubus.

Com toda essa bicharada, acontece de, às vezes, algum tentar atravessar uma estrada e ser atropelado. E, na estrada entre Itatiba e Vinhedo, vi, numa das margens, um urubu morto (provavelmente por atropelamento). Dias depois, o urubu continuava no mesmo lugar. Poucos metros à frente, um grupo de urubus se detinha, no seu costumeiro trabalho, devorando um animalzinho qualquer, provavelmente outra vítima de atropelamento. Várias vezes, depois, que passei pelo local, lá permanecia o urubu morto, intacto. Foi então que fiquei cismado. Urubu não come urubu? Seria porque sabe as porcarias que eles comem? Ou simplesmente porque urubu não é antropófago?

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"ANTÍTESE

O sol da manhã brilhava intensamente enquanto me dirigia ao trabalho.
A estradinha, florida pela primavera, cheirava vida.
O frescor matinal penetrava pelas minhas narinas enquanto as rodas do carro comiam o asfalto judiado em direção à escola.
Minha cabeça era torpedeada por milhões de pensamentos, todos tristes.
Eu chorava copiosamente e meu pranto incontido contrastava com a beleza do dia que estava nascendo.
A palavra câncer ecoava insistentemente em meu cérebro.Eu ouvira-a diversas vezes nos últimos meses."

Pessoal, este é o início da atual postagem de meu amigo Toninho Melchiori, no seu blog Causos e Poesias http://causosepoesias.blogspot.com/

Existe um link direto, aí na minha relação de blogs amigos. Vale a pena ler. Um relato bem humano e um alerta.

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