Quando compro alguma coisa, gosto de me livrar das moedas
que ficam pesando nos meus bolsos. São
moedas que vou recebendo de troco e que, sempre que posso, livro-me delas
repassando-as no comércio.
Dia desses, surpreendi-me ao encontrar, no meio das outras,
uma moeda estampando o perfil de algum antigo, de rabo de cavalo, no valor de
“Five cents”, com, entre outros escritos, a frase “IN GOD WE TRUST”.
Simplesmente, uma moeda dos Estados Unidos. Ora, não estive por lá
recentemente. Aliás, nunca estive. Como é que uma moeda americana apareceu no
meu bolso?
Acredito que algum operador de caixa, em algum supermercado
ou outro lugar, deve ter recebido a moeda de algum “espertinho” e tratou de
livrar-se dela repassando-a a algum cliente que não costuma verificar o troco
recebido em moedas. Eu, por exemplo. E foi assim que fiquei “no prejuízo”.
Preju? Bom, considerando o câmbio atual, até que acabei ficando “no lucro”,
desde que, algum dia, eu possa repassar essa moeda lá nos Estados Unidos.
Mas, não estou aqui para falar de meus sucessos econômicos e
sim para contar mais uma aventura do Ferdinando, aquele que não gosta de lavar
o carro, da postagem anterior.
“TUDO POR R$1,99 CADA”
Ferdinando gosta de morangos. Como já disse na postagem
anterior, não sou o Ferdinando, apesar de também gostar de morangos. Mas,vai
daí que, dia desses, ele passa, na rua,
por um vendedor que vendia... sabem o quê? Morangos! Um real e noventa e nove
centavos a caixinha.
Hummm!!! Morangos com creme de leite... Ferdinando parou o
carro e foi comprar uma caixinha de morangos. Deu ao vendedor uma nota de
R$2,00 e recebeu sua caixinha de morangos. E ficou lá olhando para a cara do
vendedor. Este, sem entender nada, perguntou se Ferdinando precisava de mais
alguma coisa.
“Meu troco! Eu lhe dei uma cédula de dois reais e estou
esperando meu um centavo de troco.”
“Mas... Não existem mais moedas de um centavo.”
“Então, por que o senhor vende os morangos por um real e
noventa e nove se não consegue as moedas necessárias para dar de troco?”
O vendedor, já vendo que tinha um criador de casos pela
frente, respondeu:
“Isso é só um recurso de marketing, para parecer que a
mercadoria é mais barata. É melhor que anunciar que custa dois reais.”
“Não quero saber. Quero meu troco!”
O vendedor, já nervoso, retirou a caixinha de morangos das
mãos de Ferdinando e lhe devolveu a nota de dois reais. Mas, esperto, já foi
dizendo:
“Pronto! Estou devolvendo dois reais pela sua mercadoria de
um real e noventa e nove centavos. O senhor me deve um centavo, que sei que o
senhor não tem e por isso eu abrirei mão dele.”
Ferdinando, sem entender direito o que estava acontecendo, e
sem saber se ganhara ou perdera um centavo, foi embora.
Dia seguinte, Ferdinando passa pelo mesmo vendedor e lá estava
anunciado: “Morangos – 1,99 a caixa”. É hoje, pensou Ferdinando. É a minha hora
da desforra.
“Quero cinco caixinhas de morangos.” Deu ao vendedor uma
cédula de dez reais e ficou olhando, com um sorriso maroto nos lábios.
O vendedor pegou uma nota de dois reais e entregou-a a
Ferdinando.
“Opa, o senhor está me devolvendo troco a mais.”
“Não! A promoção é cinco caixinhas de morango por oito
reais.”
“Que oito reais? Não me venha com enrolação. Se o preço de
uma caixinha é R$1,99, cinco caixinhas custam R$9,95. Quero minha moeda de
cinco centavos de troco e tome de volta sua nota de dois reais.”
Pois não é que o vendedor tinha uma moeda de R$0,05? Pegou a
nota de R$2,00 e entregou os cinco centavos ao Ferdinando.
E lá se foi o nosso amigo, todo feliz, para sua casa. Fizera
valer seus direitos e obtivera o troco certinho.
O vendedor também ficou feliz, depois de vender as cinco
caixinhas de morango por um preço maior do que estava programado.
Mas a Nina, a mulher do Ferdinando (não confundam com a
minha Nina, pois é apenas coincidência de nomes), é que não ficou nada feliz.
Cinco caixinhas de morangos a serem lavados convenientemente para eliminar os
agrotóxicos; a serem escolhidos
convenientemente, pois sempre vem um ou outro estragado; a serem limpos convenientemente – vocês
sabem que devem ser extraídas, uma a uma, aquelas partes verdes que vem
agregadas à fruta. Além desse trabalhão, precisará ir até o supermercado buscar
as caixinhas de creme de leite; precisará preparar o creme de leite. Tudo isso
para quê, se o Ferdinando é o único na casa que gosta de frutas? Para ele comer
um pouquinho e esquecer a maior parte dentro da geladeira. Parte essa que,
depois de algum tempo, será jogada fora porque estragou.
Oh, vida!!!
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Abração a todos, até à próxima.